Manifesto por uma política pubiana sustentável
03/09/12 15:17Durante a programação da “Casa TPM”, evento da revista idem realizado recentemente em SP, aproveitei a minha apresentação para ler um manifesto cabeludo.
De lá para cá, motivado pela sabedoria e leveza da Claudia Ohana, 49, ao lidar com a memória da sua clássica “Playboy” de 1985, passei a gillete-press no meu texto original e sampleei do inconsciente outros pontos esquecidos.
Recordar é viver: 15 anos depois de La Ohana, em 2.000, Vera Fischer sofreu o diabo. Os tempos já eram outros e os jovens -ah, esses moços, pobres moços, caro Lupicinio!- tiveram nojinho do sexo da super-fêmea. Em crônica para a revista, recordo, saí em defesa da deusa.
E chega de passado. Sem mais, eis meu libelo atual e pós-primitivista:
Pela Amazônia Legal das Moças.
Contra o desmatamento total das glebas. A não ser na primavera, para renovar a flora e fazer uma surpresa para um moço novo, ou uma nova moça, na sua vida.
Por uma política pubiana sustentável, apenas aparável, jamais beirando o semi-árido e as miragens do deserto.
Contra os desenhozinhos cabulosos. Este campo sagrado não é grama de arena futebolística para tais experimentações estéticas.
Lembre-se, Lola, do quadro “L’Origine du monde” (1866), sim, a origem do mundo, obra do realista Gustave Coubert.
Contra a devastação da cera negra espanhola e todas as outras técnicas colonizadoras que molestem as lolitas ou as lindas afilhadas de Balzac.
Por uma relva fresca todas as manhãs. Uma relva molhada pelos desejos noturnos e inconscientes. Uhn, aquele cheiro da aragem divina.
Contra o mundo limpinho que decreta o fim dos pelos púbicos. Sou da turma do contra. Por uma razão simples: sexo sem pelo (de tudo) não é sexo.
Tudo bem, o estilo consagrado na “Playboy” da Claudia Ohana pode ter datado, mas a falta total de pelo infantiliza muito o enlace amoroso.
Só há maldade e erotismo nos pelos. A depilação 100% sempre funcionou muito bem como um fetiche provisório, um presentinho ocasional ao amado. Não deve ser permanente como a revolução de Mao Tse Tung.
Onde estão o Greenpeace, o S.O.S. Mata Atlântica e todas as ONGs que não berram contra essa chacina ecológica.
Pela Amazônia Legal das Moças e os seus lindos estuários do desejo latente.
Pela exploração táctil e oral do relevo, das reentrâncias, dos riachinhos que deságuam nos mares nunca dantes. Todos os mistérios guardados além muito além dos pelos.
Contra os trocadilhos para dar nomes às casas de molestamentos depilatórios. “Pelo menos”, “Muito pelo ao contrário”, “Pelos melhor não tê-los” etc.
Contra o sexo limpinho. Contra a corrida para o banho depois do gozo.
A favor de guardar o cheiro dela na barba, o dia inteiro, o que aliviará as dores do mundo no passeio do cavaleiro pelas calçadas.
Pacaembu, São Paulo, 2012, ano da graça do centenário do gênio Nelson Falcão Rodrigues
A depilação radical , acho estranho, mas uma aparadinha básica cai bem, mostra que a moçoila presta atenção nesta área e gosta também de jardinagem . A mata atlântica , totalmente preservada, me leva a pensar em desleixo e falta de higiene , mas respeito que gosta de desbravamentos kkkkkk
Olá Xico!!!
Essa crônica me lembrou um velho poema escrito a três mãos sobre sexo, dá uma olhada:
Me cobrem lascivamente e sem querer com suor
Enquanto sussurro perguntas sem esperar respostas
Mas é ela quem afunda com força suas unhas sem o temor
de que sangre ou marque pra sempre minhas costas
Eu provoco-os puxando seus curtos cabelos
Não importa que fiquem sem falar
Sabem que compenso com beijos singelos
e com a vontade que vai os sugar
Ela teme que o barulho acorde os vizinhos
Eu só espero que o mundo nos ouça!
Ela para! Mas entre nós não param os carinhos
Não vamos deixar essa ser uma noite insossa
Tentáculos guiam meu corpo,
apertam e enrolam.
É pêlo, fio, cabelo.
Nem sei mais a quem pertence essas mãos
ou a origem de cada teco que se mistura no lençol.
A passagem de cada mão em minhas pernas
Não dá mais pra saber a que delírio me entregar
Quero mesmo é só ir além nessas badernas
Fazendo todo esse laço tão bom de se enroscar.
Misturam-se 4 ou 6 pernas? Nem sei, não importa mais
Perdi-me entre seus cabelos e os dela, entre dois corpos não meus
Ouvindo os sussurros espalharem-se para além das janelas
Enquanto mordidas e juras se fazem a 3…
Eles apagam a luz,
e no escuro é que nos conhecemos.
nossos corpos iluminados flutuam nesse quarto proibido
Os corpos quentes apertando-se um ao outro
São combustíveis fáceis para um incêndio
Nenhum bombeiro se atreveria a ser neutro
Nem resistia a todo esse desejo escorregadio.
Agora é sangue, fluído e saliva.
Sexo bonito é coisa de novela,
queremos os tentáculos suados
lavando nossa falta de vergonha.
E tá aqui, mais bonitinho: http://www.prascucuias.com.br/colunas/coletivo/menage-a-trois/
É isso aí Xico!
Devemos lutar pelo manutenção do arbusto na frente da gruta orvalhada….
Texto fantástico. Mas sou à favor da desvastação! hehehe
semi-devastação,baby.beijo
Adorei!
E também que é ruim sem nada. Dá sensação de vulnerabilidade, não estar protegida etc.
Que todos tenham pelos homens e mulheres.. e que ninguém corra para o banheiro..
não há coisa melhor do que manter o cheiro na barba, mão, peito e etc…
beijos Xico
Xico, vc é um pé de planta que só dá no interior, no interior da mata pela qual ninguém passou…Quanto lirismo…só mesmo um macho muito dócil pra tanta delicadeza! Bjo!
vou deixar crescer e fazer uma trança em sua homenagem.
como se diz en jamaica: no problem,babyyyy
beijossss e love
A ditadura da cera faz com que muitos homens passem a ter ojeriza de pelos pubianos. Femininos, porque nunca arrancaram um pelo sequer do próprio saco.
Isso que é macho.
Querido Xico voltamos, sinto que sem querer, ao assunto de Barbies. As todas raspadas ficam bem parecidas com a bonequinha, não ficam? Nossos queridos, e pelo visto não tão amados pelos, devem esta no lugar deles. Se eventualmente vamos modificá-los estou dentro, mas do contrario… deixem-os em paz… a natureza é sábia. Mil bjs Amore.
PS.: Fico grata aos nossos queridos amigos que concordarem…. bjs a todos
Isto que é chamado de sustentabilidade, então. Agora entendi.
Caríssimo Xico…ah se todos fossem iguais a vc…que beleza deixar florescer!!!!!!
xico…fiquei feliz com seus dizeres…tambem gosto de aparar…e deixar bem certinho..mas deixar…. nao posso me ver completamente sem pelos…. fazem parte da minha sensualidade….ainda bem que ainda tem quem goste…..beijos …ti amo xico.
agradeço,amor.beijos
Fantástico texto, como sempre.
Em relação aos pelos, concordo. Não precisa ser Claudia Ohanística a manutenção. Uma aparada higiênica é bacana!
Abs
foste ao ponto.isso ai.abrazoo
Sou a favor da liberdade de expressão pubiana, sem ditaduras peludas ou carecas. Que o Xico possa comer a sua cabeluda que vou ficando aqui com a minha raspadinha.
P.S.: O cheiro de sua amada vai continuar na sua barba tendo ela pelos ou não.
Liberdade de expressão pubiana, concordo plenamente!
Muito boa e inteligente..
E esse argumento de “pedofilia enrustida” não cola faz tempo… o que é bonito tem que ser mostrado, e não escondido dentro de armários ou atrás de “moitas”.
Adoro seus textos sempre tão líricos independente do assunto! Ah… também não sou adepta do desmatamento 100%. Mas adoro um desenho geométrico.
Giu, as formas geométricas no corpo de uma mulher representam a arte em estado bruto, primitiva, essencial…
Quem gosta de macaca é o Tarzan. Tô fora desses matagais…
cara, assim me acabo de rir
Também muito me preocupa essa “tara” por genitálias sem pelo!
Vejo quase uma pedofilia disfarçada de higiene!
Isso é que ver “cabelo em ovo” hein… hahahahaha…
hahahaha! to fuera. gosto apenas na anatomia feminina. abrazo
a suspeita é essa! bjo
Concordo plenamente! Inclusive sempre afirmei exatamente o mesmo para amigos…
isso, xico, é disso que precisamos, POLÍTICAS PÚBICAS para a educar essa juventude depilada!
Incrível Xico,como sempre.
Xico, você se superou!! Tomara que o texto se espalhe e que todos os homens do mundo o defendam! Viva a liberdade dos cheiros e viva a Amazônia legal das moças!
Beijão. Meu barbudo preferido…
Zezel, meu lugar é a resistência.beijos
A falta de pêlos não incomoda tanto quanto o excesso de malhação e de silicone. Basta folhear as revistas masculinas para se deparar com uma série de corpos praticamente idênticos. Cadê a velha e boa diversidade?
Sensacional, Xico!!! Fantástico jogo de palavras, aliás, é redundante elogiá-lo. Parabéns pela sutileza.
gracias, Simone.beijos e volte sempre
Ri desmedidamente com esse texto e assino em baixo o manifesto: salve a terra dos altos canteiros!
A favor de guardar o cheiro dela na barba, o dia inteiro, o que aliviará as dores do mundo no passeio do cavaleiro pelas calçadas.
concordo plenamente!
só nos, os matutos, caro Luis, sabemos disso. abraço
Papinho balela.
não,amor,é so uma crônica.repare com mais leveza.aqui num é ciencia e muito menos verdade.una cronica e nada más! bjo
Puta que pariu Xico..post fantástico!!!
Apenas dividir contigo a saudade de cheiro e de engolir um ou outro pelo no momento sublime de me deliciar com meus lábios em tão tenra região….
A mulherada hoje é toda depilada….que saudade dos pelos que Ohana e Fischer ostetnaram com tanta beleza e propriedade.
Saudade dos pêlos da Ohana também já é demais…hehe.
Bela crônica, Xico!
Também acho o da Ohana meio over, mas para uma crônica como esse impossível se escolher exemplo mais típico…