O choro olímpico e o choro ´besta´ na firma
07/08/12 16:31Não, não vale mandar de cara a mais bela música sobre lágrimas de todos os tempos.
Falo de “Crying”, do meu querido Roy Orbison: “É difícil compreender, mas o toque da sua mão pode me fazer chorar”.
O choro olímpico, das moças ou dos rapazes, me comove, óbvio, fiquei chorão depois de velho safado.
Melhor morrer de lágrimas envodkadas, como as das atletas russas do vôlei, do que de tédio. Legítimo que o choro da derrota seja mais tocante do que o choro do triunfo.
Lágrimas de meninas não têm pátria. São iguais a lágrimas de refugiados.
Ainda nas Olimpíadas, vemos que o ex-judoca Flavio Canto, comentarista do Sportv, tem derramado sinceras lágrimas de homem sensível. Acho bonito.
Não menos sincera foi a menina Ana Claudia Lemos, quinto lugar numa eliminatória dos 200 metros rasos.
Ao ser indagada sobre a sua performance mandou na latinha do repórter: “Uma merda. Frustrante. Eu esperava muito mais de mim.”
Linda!
Não ficou com desculpas furadas, como a colega do salto que pôs o fracasso na cota do vento.
O choro ou o desabafo olímpicos são comoventes.
O choro por amor continua sendo o imbatível em nobreza e dignidade.
Nunca esqueço, por exemplo, quando o amigo Solano se debruçou sobre o monumento às Bandeiras, mais conhecido como empurra-empurra, e comoveu até o Brecheret –o autor da escultura- com tantas lágrimas em uma madruga fria no Ibirapuera.
Havia perdido a mulher, óbvio, sob o olhar complacente das duas filhas. Infinita tristessa.
Tudo isso é tocante.
Nada, porém, me comove mais do que o choro nada épico, nada olímpico, o choro aparentemente sem motivo ou nobreza.
Quando a moça umedece o ombro do primeiro que passa na firma. Não obrigatoriamente por TPM. Como a moça bonita, do nariz de camponesa italiana, que agora me relata:
-Ai, que vergonha, chorei no ombro do chefe do estoque!
Que vergonha nada. Eis o choro mais rico. Aquele que surge do nada, de uma agoniazinha de varejo. Nisso admiro mais do que nunca as mulheres. Essa falta de solenidade ou de morte de parente para um choro derramado.
Assim como admiro esse choro, emputeço quando alguém, geralmente uma fria, austera e calculista mulher de tailleur da avenida Paulista reprime tal manifesto. Diz que não é nada profissional etc.
O choro público da mulher é a grande vantagem deste sexo em relação aos machos educados no faroeste onde o chorinho é apenas o do garçom ao servir o uísque.
Como invejo o choro público e, aparentemente sem maiores motivos, das moças.
O charme da minha amiga N. chorando no táxi de óculos escuro é quase a reinvenção do movimento francês da “Nouvelle Vague”.
A superioridade feminina se prova mais na hora do choro em público do que na voz de comando em um cargo como o da Presidência da República.
O choro em público vale tanto quanto os escritos geniais da Virgínia Woolf. Leiam correndo “Profissões para mulheres e outros artigos feministas” –baratinho nas bancas pela L&PM Pocket.
O choro em público é a salvação do planeta. O homem do estoque pode até não saber disso, mas está colaborando à beça com o seu ombro tenso de macho-jurubeba.
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aaahhh!! chorar no carro feito doida, sem enxergar nada, gritando todos os palavrões que conheço e outros mais, desopilando o fígado!!!! chorar manso quando lembrar de alguém que se foi… chorar de felicidade quando tudo dá certo!!!! chorar junto com quem sofre… chorar de agradecimento! tantas formas e todas catárticas! só vc pra ter medo de mulher chorando! bj
corrigindo, pra NÃO ter medo!
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Eu choro até quando penso que eu preciso parar de chorar em público. Desde pequena sofro de choro incontrolável. Coisas de filha de Yemonja. Super nice o texto Xico*
Hoje quase chorei no trem….explico, não posso ver ninguém chorando perto de mim que me da vontade de chorar junto, sem mesmo saber o motivo, tinha uma mulher chorando muito no trem hoje de manhã…ainda bem que já estava chegando minha estação….senão ia ser um rio de lagrimas…rssrsrsr
Parabéns pelo texto !!!
Reminds me from the “street lit” debate.
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Xico…seu velho safado…chorei derramado, pelo texto e sabe lá pelo que mais…
Estes dias, trabalhei mais de 12 horas, chegaria próximo da meia-noite em casa e acordaria às quatro da matinha pra trampar de novo. Entrei no trem, trecho Barra Funda – Luz e não tive dúvidas. Liguei para a minha mãe e chorei! Chorei de cansaço, de frustração, de raiva, mas principalmente, chorei sem vergonha. E minha mãe ainda disse “mas minha filha, chorando no trem?”. Vou dar seu texto pra minha velhinha ler!
O Xico vai gostar! Em homenagem ao choro
som na caixa! Nora Ney – Ninguém me ama
http://www.youtube.com/watch?v=DPS3lBJ4D-E
Que bom ler isso, Xico! Já me recriminei muito por ter chorado após uma discussão com um colega de trabalho. O ogro foi grosseiro comigo sem motivo algum, e a princípio reagi de maneira equilibrada e racional mas depois que o sangue esfriou, lá veio o danado do choro. Como tive raiva de mim naquele dia…rsrs
Sempre tão poético.. Que delícia ler isso!
a gente tenta,amor, a gente tenta.beijo
“chorei, chorei, até ficar com dó de mim”. Lindíssimo texto! Olha. Xico, eu não posso mesmo é ver homem chorar, aí eu choro também. Uma vez estava numa aldeia à trabalho e o cacique abaixou a cabeça e chorou um choro tão sentido, aquele homem durão, forte e bravo. Não aguentei, saí de perto e me acabei. beijos, Xico.
O choro é necessário lava a nossa alma, sem ele iriamos explodir. Muitas vezes chorei lendo seus textos, choro de descobrimento, pois naquele exato momento era exatasmente o que eu precisava ouvir/ler/escutar…… Mil Beijos Xico. Nosso eterno ombro
“… ouvir/ler… ” sem redundância
Mari Muniz, mas, o choro é ‘redundante’
ô,baby,nao vou mais te fazer chorar.beijos
Uma vez num shopping vi o adorado com uma mulher. Eu estava sozinha. Entrei num choro daqueles que não nos dá chance de respirar. O Haagen Dazs caiu no chão. Sentei no primeiro banco que vi, minhas pernas não me aguentava em pé. Abri minha água e derrubei-a em cima de mim, minha mão tremia muito. Eu soluçava. Passei a mão no rosto para limpar um pouco das lágrimas e percebi que todo o rímel vinha abaixo. As pessoas me olhavam angustiadas e eu virava o rosto para deixar claro que não queria a comoção delas. O espetáculo foi de tragédia grega.
Uma outra vez cheguei chorando tanto no meu prédio que ganhei um “eu te amo” de um senhor que trabalha aqui para me acalmar.
“pernas não me aguentavaM em pé”
Devem ter achado que era por causa do sorvete.
Bem pensado, Mauro hehe
no momento é tragedia grega mesmo,Sá.definiste mui bem.beijos
Engraçado, Chico, que sempre achei lindas, as mulheres chorando.
Elas são demais.
são comoventes mesmo,caro Alvaro. abraço
Bonito quando é um chorinho contido, o narizinho vermelh,aquela lágrima fugindo por detrás do óculos escuros… Aí sim.
Duro é encarar o que já encarei, a mulher soluçava e chorava gritando, não entendia nada do que dizia e as pessoas em volta começaram a olhar para gente, deviam pensar que o culpado era eu (eu era apenas conhecido de trabalho em hora de almoço). E por fim, na tentativa de acalmar, a abraçei e ela, carinhosamente, limpou o nariz que esteja escorrendo no meu terno novo.
Que bom saber que alguns homens , especiais, com certeza, se sentem tocados com nossa lágrimas públicas.Eu que muitas vezes disfarcei as minhas emoções , para não me sentir tola, infantil, agora me sinto até mais livre.Valeu Xico ! Que os machos de plantão, aprendam com você.Porque nós mulheres, pelo menos a maioria que eu conheço, se derrete também , quando percebe que alguns homens também agem assim. Beijo!
“Não solidão, hoje não… quero me retocar nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas. Deixo que as águas invadam meu rosto, gosto de me ver chorar…” Seu texto me lembrou essa canção. Como é bom degustar da sua sensibilidade, se sentir poeticamente observada lendo esse texto… como um aconchego, um cafuné, depois de tanto chorar. Mil beijos, Xico!!!!
Lindo,Nina.bjo
😀 Beijo!
Nina é nome de cachorro
Xico… hoje chorei feito louca para milhares! Senti-me mal por isso e chorei mais! Obrigada por devolver meu sorriso.
O choro “solução” – não porque traga uma, mas porque é acompanhado de tantos soluços…
Os olhos pequeninos, apertados, vermelhos. E a expressão mais delicada e encantadora daquelas bochechas vermelhas dos primeiros minutos após encerradas as lágrimas.
O surreal,o real,o virtual caminham juntos, e óbvio que esse filme do Lynch é assustador,genial e sensacional,mas prefiro o Drácula do Coppola aonde as lágrimas de Winona Ryder se transformam em diamantes… é isso!!!!!Eu choro à toa, mas c
onsidero as lágrimas, diamantes de nossas almas… está cada vez mais difícil encontrar tempo, ou pessoas que compreendam que é necessário extravasar,soltar, chorar mesmo!!!Põe pra fora essa coisa visceral que te atormenta!Hoje em dia, chorar em público tornou-se uma transgressão!
Por sua casa revi ontem o Dracula. Incrible.beijos mi musa!
O Xico, coisa linda saber que você se emociona assim… Eu não reprimo minhas emoções e embora não goste, já chorei em público, o que eu nunca fiz foi chorar de alegria. Tenho até vontade, mas nunca rolou. E olha que no dia que minha filha nasceu eu fiquei tão feliz que parecia que ia explodir de alegria, mas os olhos só ficaram um pouquinho umidos.Fazer o que, só consigo chorar se estiver triste. Se estou com raiva grito, se estou feliz dou risada.
Lágrimas de meninas não têm pátria. São iguais a lágrimas de refugiados.
Sem mais, simplesmente genial.
Obrigada, Xico. Hoje chorei como uma miserável no meio da rua, precisava ler isso.
Nossa,jura? beijo e buena sorte
Encosta a sua cabecinha no meu ombro e chora…chora…e chora…vc anda muito tristinho ultimamente Xico,será TPM ou vontade de sofrer por um amor que ainda nem chegou? Bjo!
Faltou o choro de/ no travesseiro…
ai é outro capítulo. irei tratar mais adiante.bjo