Quem na vida não teve um problema de amor
03/08/12 15:01Não há momento mais sublime de um homem do que durante uma dor amorosa. É quase a prova de que é um homem de verdade.
Não há. Não mesmo. É rico. Perdoa-me por me traíres, salivaria o tio Nelson, que faz cem anos neste agosto.
Com ou sem chifre, é sublime. Um macho ou uma fêmea narrando um grande caso de amor é tão forte quanto Shakespeare.
Mesmo num posto de gasolina de beira de estrada, lá em Sergipe, como fez um tiozinho conhecido como Maguila: “Cheguei lá e ela tinha ido embora com outro rapaz!”
Acontece. O canto mais limpo. Nem o cheiro da moça. Maguila sofreu o baque-mor da existência. A roupa dele revirada em cima de uns papelões na sala da casa, a roupa que vivia junta, grudada na cômoda do comodismo do amor sossegado.
Eis um dos bravos narradores de “Vou rifar meu coração”, da diretora Ana Rieper, que entra em cartaz hoje nos cinemas.
Inicialmente no Recife -o umbigo do mundo-, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, , Belo Horizonte, Salvador, Maceió e Florianópolis.
Com uma excelente pesquisa de personagens e uma trilha de cortar corações, só posso dizer que é um grande filme. Simples como a música romântica brasileira, hoje vulgarmente conhecida como cafona ou brega.
Embora seja a música da educação sentimental do país, este gênero sempre foi relegado. Somos metidos e queremos nos iludir com a grandiloquência estética da minimalíssima Bossa Nova. Estou fora.
Neste capítulo viva o historiador baiano Paulo César Araújo com o seu livraço “Eu não sou cachorro não” (Ed. Record).
Neste libelo, Araújo desconstrói o mito de como a MPB de Chico, Gil e Caetano foi a grande vítima da censura da Ditadura. Os maiores alvos, amigo, foram os românticos, como sempre: Odair José que o diga.
“Eu vou rifar meu coração”é um grande tributo à canção amorosa brasileira. E começa com uma pergunta matadora do meu amigo Nelson Ned: “Quem é…
Que não teve na vida/ Um problema de amor/ Uma desilusão/ Quem é?…”
Esse anãozinho sempre fez crescer os nuestros corazones. É amado em toda a América Latina e Caribe. Só Fidel e Raul mandam mais em Cuba do que ele. É sério.
O filme tem muito mais coisas lindas e românticas. Amado Batista. Tem um cara de Brasília Teimosa, Recife, exaltando a cachorrice amorosa na cama.
Tem um jurubeba-man que não titubeia diante de uma pergunta rapidamente capciosa: “Tenho lado feminino não. Sou macho. Raparigueiro”. Hahaha.
A cena anterior talvez seja a mais macho mesmo. Um casal gay dança, rostinhos colados, ao som de “Deslizes”, na voz de Raimundo Fagner. Ah, não sei porque insisto tanto em te querer.
Agnaldo Timóteo dá um depoimento sincero. Sai da política, Agnaldo, és um dos maiores cantores brasileiros. Ele diz como foge da solidão na pele de um aventureiro, na busca do amor líquido das saúnas e paradas de ônibus.
Odair revela a isonomia da dor de corno. Sofre o pedreiro e sofre o doutor. Só muda o cenário. Eu vou tirar você desse lugar, meu amor dos outros.
E assim, na beira da estrada, em confissões em lares doces lares, “Vou rifar meu coração” se constrói. Claro que tem Wando. Ele canta “Moça”. Ele explica.
Walter de Afogados vem com “Moranguinho do Nordeste”. Clássico recente.
Lindomar Castilho, o da canção-título, aparece, com tese dostoievskiana para a imbecil tragédia que cometeu em 1981. Matou a mulher por ciúmes e extremado machismo. Cumpriu a pena. Momento tenso do filme, demasiadamente humano. Elipse por cima de elipse.
Quem ama se acaba sozinho, chora todas as lágrimas no ombro do garçom amigo, toma banho na lama amorosa e ressuscita. Só a lama cura.
Vale um velho mantra deste amorosamente surrado cronista: “Quando a vida dói, drinque caubói.”
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Depois de ler tudo isso, só me resta correr para assistir. Valeu!!!!
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Adorei o filme, pena que em uma sessão de domingo as cinco da tarde em SP não havia nem dez pessoas… Conclusão: irá sair logo de cartaz: corram para ver!
Xico!! Como diz a moça do filme, o seu artigo foi “puxante, apaixonante, língua na língua enrolado profundamente”. Vou pendurar na parede aqui de casa 😉 Bj grande!
Rrrrrrrrenial!
Bacana, mesmo com toda matemética, cálculos e muita lógica, o dor de corno manda mais.
Abraços para tu.
filme brasileiro.
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