Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

Perfil completo

O amor e o transtorno do diagnóstico

Por xicosa
02/08/12 00:54

A galega do filme “Barbarella” lembra a moça deste conto-crônica

Ela me conta, na cama, logo depois da nossa primeira noite, que sofre do transtorno da bipolaridade.

Só quero ver, com mais detalhe, a cor dos seus olhos. Ela insiste em esmiuçar o diagnóstico.

-Aumenta, aumenta, é Strokes –ela diz.

Subo o volume da KCRWRadio que toca no ipad. –Cala a boca bem-te-vi –ela ri do pássaro colado na janela. (Impressionante como tem bem-te-vi em São Paulo.)

A música é “Machu Picchu”.

Ela fala dos tantos remédios que toma. Sente saudades da Ritalina, ri bonito. Ela conta muito sobre a vida, um casamento, a família interiorana, viagens, projetos, o significado de tantas tatuagens, diz que falo árabe dormindo.

Agora ela chora. Choro junto, havia um bocado de coisas represadas. As lágrimas das raparigas são coquetéis sem álcool, lembro da frase do gajo Miguel Esteves Cardoso, autor de “O amor é fodido”.

Cortinas abertas para o mundo. Ela vai embora qual uma Barbarella lindamente armada até os dentes. Ela vai embora e me deixa pensando em tudo.

Não me espanto em nada com o diagnóstico dela, embora eu tenha amigas, com este e outros humaníssimos transtornos, que me dizem: “Não conto esse tipo de coisa de cara, deixo bem mais para adiante. Tem homem que sai correndo”.

Como os diagnósticos são cada vez mais comuns e catalogáveis –todo mundo porta o seu debaixo do braço- quero dividir com vocês essa dúvida. Contar ou não contar, por exemplo, que é um(a) fóbico(a) medicado(a)?

Em que momento abrir o jogo? Você acha que atrapalha a possibilidade de romance?

Juro que tenho uma certa atração pelos diagnósticos. Dá vontade de cuidar, mesmo quando é algo bem leve. Uma vez que de perto ninguém é normal mesmo, por quê temê-las?.

Não pode é haver –e já vi um tanto disso- esse orgulho todo pelos diagnósticos mais pesados. Como se fossem álibis para quaisquer desgraças ou impossibilidades.

Enfim, vivemos uma era em que muita gente chega na vida do outro com um diagnóstico –em vez da loucura não medicada de todos e de sempre.

Há um momento certo para este tipo de papo? Quanto mais à queima roupa mais eu me comovo. Agora é com vocês: ajudem este velho cronista a entender os novos tempos.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
  • Comentários
  • Facebook

Comentários

  1. Franchesca Curio comentou em 11/08/12 at 4:01

    mulberry bayswater bags

  2. Garland Lescavage comentou em 10/08/12 at 11:09

    My goal is to baste the bed size log cabin quilt I’m working on. I also would like to start making Craftsy BOM January blocks. Wish me luck! 🙂

  3. James Blomberg comentou em 10/08/12 at 4:09

    Many thanks for that suggestions you reveal via this website.

  4. Fábio Rodrigues comentou em 08/08/12 at 21:20

    Fuja dessas Chico. Se é bipolar termine na hora. Nunca se sabe o que acontecerá no próximo minuto com uma mulher dessas.

  5. beton comentou em 07/08/12 at 22:07

    Super-Duper site! I am loving it!! Will come back again. I am bookmarking your feeds also.

  6. Natália Nolli Sasso comentou em 07/08/12 at 16:15

    ai, questão espinhosa essa. não acho que exista uma só resposta.
    comigo se passa que se o cabra estiver atento, logo percebe minha passionalidade, excessos, vinhos, poesias, loucuras, arroubos…
    e se mesmo assim se apaixonar e eu também, bem-vindo à minha insanidade analisada semanalmente.

  7. Natalia Pimenta comentou em 05/08/12 at 18:45

    Olá querido!
    Eu diria, se me encontrasse em apaixonite, ou se o caríssimo me convencesse de que ele, bem… Cê sabe!
    Tenho TAG (transtorno de ansiedade generalizada) e nunca hesitei em contar pra esse que chamo de maridão, há lindos cinco anos. Não por charme, mas acho que é que nem mostrar cicatriz, sabe? A gente não se orgulha tanto assim, mas é parte de nós. Algo assim… íntimo… e pra poucos!
    Obs: não resisti e, após o Saia Justa cujo tema era Piriguetes, escrevi a respeito de sua sincera opinião sobre o tema. Ficarei feliz com sua eventual visita em minha humilde morada virtual.
    Beijos da admiradora mineira!
    Nat

  8. João Gabriel Amador comentou em 04/08/12 at 21:53

    Xico, sou da opinião q abrir o jogo e contar seu antepassado médico é até charmoso.
    Tive um linfoma e logo quando conheço uma garota já mostro o catéter do peito, passo a mão dela por cima, causo o espanto para depois confortá-la e dizer que com ela me sinto mais saudável que nunca.

  9. Anna comentou em 03/08/12 at 22:54

    bom, eu sou bipolar, tomo (não só) ritalina e quanto mais eu rio, mais desesperadamente triste eu estou. acho que isso é normal para quem está o tempo todo beirando o próprio limite.
    de qualquer forma, é bastante difícil para nós, mulheres bipolares, nos sentirmos tão à vontade ao ponto de dividir esse “problema” com alguém que não conhecemos bem… ainda mais porque mulheres se apaixonam com facilidade. e sentir a compreensão nos olhos de um homem é se achar segura, sensação essa que não encontramos em quase lugar algum. porém, é mais provável que a gente fuja, com o sofrimento por antecipação. antes que vocês deem no pé, a gente corta a paixão pela raiz.

  10. Bárbara comentou em 03/08/12 at 16:44

    Antes de uma opinião, vou fazer-te um pedido de casamento! rs
    Os homens, em geral, se afastam da mais mínima complicação… essa é minha experiência.
    Corajosa, sua menina, que conta em meio a risos e lágrimas… eu engulo a todos, covarde confessa que sou.

  11. Malu comentou em 03/08/12 at 15:11

    Não sei porque alem de bipolar sofro de esquizofrenia.Nunca pensei a respeito, mas quando tem algum assunto que tenha algo a ver com o assunto eu não tenho vergonha de falar.É algo que eu não posso mudar é a minha vida, sou eu que posso fazer? Nada a não ser tomar a medicação corretamente e mante-la sob controle.

  12. Thuani comentou em 03/08/12 at 13:48

    “Enfim, vivemos uma era em que muita gente chega na vida do outro com um diagnóstico –em vez da loucura não medicada de todos e de sempre.”

    Colei no meu mural 🙂

    • xico sa comentou em 03/08/12 at 15:37

      vc esta certissima.isso sim é q é diagnostico.beijo

  13. Miso Gino comentou em 03/08/12 at 12:51

    Vôte … Pense numa Bipolar com TPM. Corra, cabra, corra.

← Comentários anteriores
Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emailxicosa@uol.com.br
  • FacebookFacebook
  • Twitter@xicosa

Buscar

Busca

Blogs da Folha

  • Recent posts Xico Sá
  1. 1

    O partido dos corações partidos

  2. 2

    A arte da cantada permanente

  3. 3

    O tal do amor aberto dá certo?

  4. 4

    E Abelardo da Hora recriou a mulher

  5. 5

    Como eleição mexe com amor e sexo

SEE PREVIOUS POSTS

Arquivo

  • ARQUIVO DE 20/03/2011 a 11/02/2012

Sites relacionados

  • UOL - O melhor conteúdo
  • BOL - E-mail grátis
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).