A dificuldade é a gasolina azul do amor
11/07/12 16:23Um amigo busca, desesperadamente, uma garota que viu em um bar de SP. Houve um rápido flerte. Ele não teve cara de pau de se aproximar. Ela desapareceu no nevoeiro do fumacê dos fumantes da calçada.
O amigo agora apela para um site de relacionamentos. O “Segunda Chance”, uma novidade da inventiva Internet brasuca. É dedicado a quem tenta reencontrar o amor perdido mesmo antes de ter começado.
O serviço é interessante para a juventude apressada, que não tem a manha de deixar ao acaso, que não tem paciência, que pensa que a vida é banda larga.
Óbvio que a busca, como recomendada pelo site, vai exigir algumas atitudes malucas. Como ficar gesticulando, qual uma aeromoça no momento das instruções de vôo, quando o amigo voltar para o mesmo bar que encontrou o suposto amor da vida. É uma forma de avisar que revelar que está na área.
Esses moços, pobres moços, precisam conhecer o Bertrand, vulgo“O Homem que Amava as Mulheres”, filme e livro do xará François Truffaut (1977).
Duvido que Bertrand, mesmo que vivesse com as facilidades tecnológicas de hoje, buscasse suas amantes de outro jeito. Porque no amor a própria busca é que é a graça.
Repare nesta situação. Estava o jovem Bertrand na lavanderia de mademoiselle Carmem, sua amiga, quando avista as pernas – do seu ângulo viu apenas o par de pernas da “esplêndida desconhecida”, como definiu.
A bela dona desaparece e ele só tem tempo de anotar a placa do veículo em um maço de Gitanes: 6720 RD 34.
O cara enlouquece. Vai no serviço de trânsito e tenta convencer os burocras da necessidades do nome da proprietária do veículo que evadiu-se.
“Se a pessoa tivesse batido no seu carro, ainda vá lá, pois a sua seguradora poderia ter acesso aos dados da pessoa”, ouviu de um simpático funcionário gordinho com feições de Balzac.
Os olhos de Bertrand brilharam. Não teve dúvida: no estacionamento mesmo cuidou de estilhaçar o farol traseiro e o pára-lama do seu Renault contra a mureta. Provocada a batida, retoma o labirinto da burocracia para tentar o reencontro com as esplêndidas pernas.
Não havia visto sequer o rosto da moça, numa prova, como tem discursado este mal-diagramado que vos fala, que mulher é metonímia, parte pelo todo. Basta um nariz, uma omoplata, um joelho, um queixo, uns braços, uns pezinhos… para que nos apaixonemos.
Depois de muito sacrifício, epa, Bertrand finalmente se vê diante da sua perseguida. Uma hora de café e conhaque depois… descobre que não está diante da esplêndida, mas da sua prima, proprietária legal do veículo.
O mais eu não conto para não estragar o suspense do belo filme. Recomendo.
Bertrand, um dos melhores canalhas do cinema, sabia que a dificuldade é a gasolina azul do amor. Não há melhor combustível para nos mover aos braços de uma pequena.
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