Como fazer do seu filho um bom leitor
06/07/12 10:14Agora vamos tratar do lado família da Flip, a festa literária de Paraty. É preocupação dos pais, leia-se mães, tornar seus filhos bons leitores.
Daí a importância de trazê-los para pegar, nem que seja por osmose, o gosto pelos livros.
Este cronista gutenberguiano, sempre preocupado com o futuro dos jornais e das edições impressas no geral, preparou um pequeno guia de iniciação dos jovens na leitura.
Atenção senhores pais:
Escola de machos – A simples iniciação via Hemingway assegura uma cota de testosterona até a madureza. Faz tão bem para o crescimento quanto Calcigenol ou óleo de fígado de bacalhau.
Vocês, pais e mestres, se orgulharão quando o pirralho sair por ai fisgando trutas, caçando pacas, tatus… mirando em rolas, codornas e juritis.
A importância de ler Wilde– A simples iniciação pelo inventor de Dorian Gray garante que o seu filho dê em um homem sensível. Sim, há o risco do metrossexualismo, mas vale a pena. O volume “O Fantasma de Canterville”, para meninos e meninas, é o indicado à guisa de debut.
Lição de anatomia – Moby Dick? Vai fazer muito bem. Seu filho crescerá generoso com as mulheres mais cheinhas, as botterinhas, e não cairá nessa fábula das passarelas e suas mulheres ossudas e magérrimas.
Piedade de nós – “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, jamais. Muito menos as choramingas populistas de Charles Dickens. Seus filhos crescerão com peninha da humanidade, capazes de fundar uma ONG a cada bairro, achando que a caridade seja remate de todos os males.
Campos & espaços – Mal sinal quando o pimpolho começa a trocar o legos pela poesia concreta, briquedinhos que se combinam. Não há mamadeira bilaquiana que dê jeito.
Vanguardeiros e malditos – São uns bossais estraga-homens. Mantenha-os fora do alcance das crianças. Eles estão para a literatura assim como os pipoqueiros que passam drogas _esses fabulosos sedutores!_ estão para as portas dos colégios.
Catecismo e primeira comunhão – Se Deus não existe, tudo é permitido. Quer segurar o capetinha nas rédeas morais possíveis, aí incluídas as algemas forjadas no aço da culpa? Karamazov nele, como quem dá remédio forçado.
O medo diante da loba– Quer estragar sua filha querida e a vida dos futuros genros? Libere Clarice Lispector logo na pré-adolescência. Aí teremos moças misteriosas, labirínticas, metalingüísticas, uns diabos arredias e estranhas diante do amor. Capazes de tudo: TPMs elípticas, menstruações de incomunicabilidades sem fim, coitados desses futuros maridos que terão que aguentá-las.
Você esqueceu o principal : deficilmente alguem toma gosto pela leitura se não tem livros a sua volta.
Vale esconder uns mais”pesados” para dar aquele gostinho de proibido. Eu sempre os achei,li, reli e coloquei de novo no lugar.Sabe qual foi a minha iniciação ? Tico-tico, Reco-reco e Bolão !!!!
Quanta baboseira!!! quanta inutilidade!! Quanta futilidade!! Ficou velho e continuou babac!!!
A boa crítica bem humorada deve ser pensada. Quando não consegue-se pensar, o caminho mais fácil é este utilizado por este tal Xico: apelar sempre para o politicamente incorreto.
Todos os livros possuem qualidades, porém não as apontadas pelo texto que, além de preconceituoso e machista retrógrado, tenta em vão ser engraçado discursando na moda politicamente incorreta atual com o alheio, sem utilizar a inteligência tão reconhecida por humoristas consagrados como Chico Anísio ou Jô.
O pior foi no “Piedade de nós” quando diz que “filhos crescerão com peninha da humanidade”. Quanta pobreza de espírito!
Para iniciação,concordo com alguns e discordo de outros.Mas Xico,como voce é
um provocador sabe muito bem que deixou
muitos autores de fora. Por exemplo Hermann Hesse, Richard Bach, Morris West, e muitos outros do gênero. Minha opinião,
embora tenha lido osSertõe saos 12anos…
Mas isso não é comum. Vamos dar uma chance aosjovens de hoje com livros mais
simples né? Bjo.
po, xico, esperava beeem mais dessa tua lista, cara! No minimo J D Salinger, só pra ficar no obvio. 100 anos de solidao (fantasia e putaria latina sem contra-indicacoes). Fora que achei #caido essa divisao meninos-meninas. manda um milan kundera! a insustentavel leveza do ser. lavoura arcaica, pra sacanear mesmo. na sequencia o invisivel, do paul auster, mas so depois dos 15. e quadrinhos, nada… manara… crepax… pra meninos e meninas. Art Spielguelman, Marjane Satrapi. pra deixar no banheiro. e jogar fora o mauricio de souza. Nada de catecismo, mas da biblia o apocalipse, pura ficcao cientifica. e por falar nisso… philip k. dick, do androids dream of electric sheep. Dostoievski, Crime e castigo, claro. A metamorfose, bem lembrado. mais um brasileirinho… macunaima, a esculhambacao original. vamos la, xico, da pra melhorar. palavra de mae.
Faltou Kafka. Sem “A metamorfose” a garotada pensará que a vida é cor-de-rosa.É preciso chegar a Francisco Otaviano:
Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em placido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.
Para preparar a turma de hoje, grandes doces de Thomas Menn e Norman Mailer
“Mal sinal quando o pimpolho (…)”?
E que tal escrever “mau” com “u”?
Se quiser que teu filho seja um junkie politico dê boas doses de Orwell e Huxley
A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água pode ser uma boa pro filhão (ou filhona, tempos novos) aprender que se deve beber em morrer, mas na ordem certa, primeiro um depois o outro.
E os poemas em prosa de Baudelaire, que aconselham a se embriagar de vinho, de poesia ou de virtude? Isso pode ser bom pra iniciar a carreira do filho como pinguço ou, mais produtivamente, como garçonete.
Quanto à combinação de Hemingway com espingarda, sei não, e se ele concluir, como o boxeador americano do tempo em que ainda neve no Kilimanjaro, que paca boa de matar é ele mesmo?
Esqueceu do O Cortiço de Aluísio Azevedo.Li aos 13,aos 20 e poucos ,trinta e poucos e quarenta e fumaça!Sei esse livro quase de cor!Ótimo para ficar cínica!
Cara Adriana, e Germinal, do genial Émile Zola? Eu li uma vez. Viva o Naturalismo!
Acho tão legal cada um dar sua opinião, mostrar sua preferência.
Ai, Xico, e o Amado Jorge, hein? Na velha cidade da Bahia, há algum tempo, achei que a vida era muito incrível nos livros depois de ler Capitães da Areia…
Dois livros que não são romances, mas me ajudaram:
Cem dias entre o céu e o mar, do Amyr Klink
A incrível viagem de Shackleton; é uma história real, vários autores já escreveram sobre ela.
Sandra na Terra do Antes, do Fausto Wolf, pra dar um verniz no moleque!
Rodrigo, rapaz, p q não ja de acara o ABC de Fausto Wolf? jundo com a Sandra? amo esse fausto gaucho! abrazo
procure no google: LIVRO CIBERCÉLULAS. Este livro irá te surpreender!
Meu prezado Xico. Esquecestes o nosso querido Jose Lins do Rego, autor de obras magnificas que nos mostra como e ser MACHO no nosso Nordeste. Esqueceste o Menino de Engenho, Moleque Ricardo, Usina, Meus Verdes Anos, dentre tantos? Abraço.
Erro monumental. O q mais gosto é Fogo Morto.aquela imagem final é uma das maiores da literatura. Imperdoavel da minha parte. valeu por lembrar. abraço
Meu patrimônio também é pequeno. É da ordem de quatro polegadas e meia.
Sobre Clarice, Xico está certissímo. Eu que o diga! Fui seguidora da misteriosa olhos felinos, e eis aqui doidamente louca. hahahah
Há quem diga que a escritora muito sabia sobre a vida e poquissimo sobre sexo. Fato ou não, recomendo só depois de mulher ‘formada’, Daniel.
FAlaste tudo, Jéssica,so depois da mulher formada.beijoss
Xico, o meu filho me agradece até hoje por eu te-lo influenciado a ler bons livros e curtir um bom Rock ( dos antigos, é claro)…mas ele não cansa de me agradecer por tambem ser Corinthiano ( como o Avô). Por isso, quero lhe dar os parabéns pelo seu ótimo texto hoje na Folha…Feios, Sujos e Malvados……Chorei…..
Vai Corinthians!!!!
ô, Peixoto, fico feliz q tenha gostado do texto. o benja é uma figuraça,fonte d tudo q escrevo sobre as ruas. abraço e manda um beijo pro filhote
Dessa vez vou discordar. Acho que a melhor maneira de deixá-los bons leitores é deixar eles lerem o que der na telha, nem que seja para depois questioná-los (fazer refletir) por suas escolhas.
Foi justamente essa obrigatoriedade de leitura goela abaixo (de pais e escolas) que só me fez tomar gosto pela leitura depois dos 18.
É isso mesmo, Alexandre! fui obrigada a ler José Lins do Rego e Jorge Amado e odeio até hoje. Se isso for Brasil, prefiro ser de qualquer outro lugar. “O Velho e o Mar” foi uma das minhas mais sinceras alegrias na adolescência. Orwell também. Mas, quando criança, o livro que realmente me marcou foi “Os Meninos da rua Paulo”.
Para os pré-adolescentes: Machado de Assis na veia, com direito a releitura obrigatória após 10 anos, Orgulho e Preconceito para as meninas (no lugar de Poliana menina/moça, como outrora). Clarice Lispector extremamente contraindicado(por razões óbvias). Ponto para Feliz Ano Velho (Paiva) Terras do Sem fim (Amado), O Encontro Marcado (Sabino). Tinha (tem?) aquela coleção Vagalume mto legal (Orígenes Lessa, Lygia Fagundes Telles, Maria José Dupré… Saudades…). García Marquez (O amor nos tempos do cólera) e Graciliano (Angústia) Ramos para fim de adolescência (para que seja captada melhor a beleza). Dostoeivski e Wilde tb (pela questão do amadurecimento da moral) e por aí vai.
Ana, amo Machado,mas aprendi a amar depois d muito tempo. por isso acho q essa mina d ouro tem q ser deixada para um pouquinho depois. Encontro marcado é perfeito,tesouro da juventude.tua lista ta otima.gracias pela colaboração .beijo
Clarice e Caio Fernando Abreu!!! É o que todas minhas amigas fflchentas leram 😉
Xico,
Gostei muito do “O Viajante” de Gary Jennings.
Fantástico pelo simples fato de contar a história de Marco Polo, da pré adolescência até sua velhice.
Esse sim tem histórias pra contar. O verdadeiro experimentador de tudo o que vc imagina…
abs
nossa…clarice desperta tudo isso? será por isso que ninguém me aturou? ou será um pouco de esquizofrenia por ter lido tanto e não saber como me mostrar ao mundo…bom dia meu amor.
A culpa é toda da Clarice Lispector. Sou inocente. Bj.
Caro Xico, sei que o objetivo não é aprofundar neste tipo de questão, mas me permita por favor. “Se Deus não existe, tudo é permitido”. O que séculos de uma religiosidade canalha não faz no pensamento humano. É justamente por existir transcendência que tudo é permitido (o problema é que querem que tudo seja permitido e sem consequências). Primeiro a igreja arrancou o espírito humano em um Concílio; depois Marx arrancou a alma. Só nos resta a materialidade aleijada ou fazer o caminho de volta.
Thomas, permita-me discordar. Penso que não existe religiosidade canalha, e sim religiões canalhas. A religiosidade, quando realmente presente, é sempre sincera. As instituições religiosas – com seus interesses seculares – não conseguiram extinguir o espírito, embora tenham feito estragos nas almas. O espírito, entendido como logus, é inextinguível, como o ar e outros elementos.
Tampouco Marx arrancou a alma (anima), pois ela é o que sempre animou e continuará animando nossa existência e o nosso caminhar no mundo.
Embora o foco da obra de Marx tenha sido as condições materiais de vida, o ideal em sua teoria supõe – para que ela seja realizada – seres espiritualizados e almados. Quem mais poderia praticar a fraternidade e a igualdade?
Nada vale o risco do metrossexualismo (ou da viadagem mesmo, para ser mais claro), mesmo iniciar o filho em Oscar Wilde! Tem coisa tão boa a ser lida por aí sem essa vertente sexual libertária de hoje em dia !
Clarice só depois de mulher formada, então?!
E Drummond?
Como você sempre lembra, Nelson, desde o berço, na mamadeira, no mingau, em tudo.
Nelsonterapia! Adoro!!