Aos desiludidos do amor, com carinho
12/06/12 12:18Vamos recapitular: este cronista dançou, na semana que antecedeu esta fatídica data dos pombinhos, no ritmo do dois pra lá, dois pra cá.
Um olho alvejando o romantismo de vitrine que humilha as damas e os cavalheiros solitários; outro olho no band-aid no calcanhar da moça ainda ferida da última dança.
Agora é hora do encorajamento, como acabei de reaprender aqui com o camarada Henry Miller, no singelo “O mundo do sexo” (José Olympio Editora).
“Tão certo como nasce o dia, fica claro demais que poucos são os que merecem o título: HOMEM”, diz o cara do Sexus, Plexus e Nexus. Ele conclama, desafia, é hora de honrar as saias e as calças.
No amor romântico, no amor erótico ou no pacote completo.
É por isso que eu repito em mais uma oração subordinada às moças:
Triste de quem fica desiludido(a) e evita outro amor de novo, cai no conto, blasfema, diz “tô fora”, já era, tira onda, ri de quem ama, pragueja e nunca mais se encontra dentro das próprias vestes.
Como se o amor fosse um quiosque de lucros, a bolsa de mercadorias e futuro, um fiado só amanhã, um comércio.
Como se dele fosse possível sair vivo, como nunca tivesse ouvido aquela parada de Camões, a do fogo que arde e não se sente, a da ferida, aquela sampleada por Renato Russo.
Triste de quem nem sabe se vingar do baque, sequer cantarola, no banheiro ou no botequim, “só vingança, vingança, vingança!”, o clássico de Lupicínio, o inventor da dor-de-cotovelo, a esquina dos ossos úmero com os ossos ulna (antigo cúbito) e rádio, claro, lição da anatomia e da espera no balcão da vida.
Tudo bem não querer repetir, com a mesma maldita pessoa, os mesmos erros, barracos e infernos avulsos e particularíssimos.
Triste de quem encerra o afeto de vez, como se aquela mulher e/ou aquele homem “x” fossem fumar o king size -duvidoso e sem filtro- lá fora e representassem o último dos humanos.
Chega do mané-clichê: todos os homens ou mulheres são iguais. Argh.
São, mas não são, senhoras e senhores. Cada vez que uma folha se mexe no universo a vida é diferente – acho que roubei isso da arte zen de consertar motocicleta.
Todos os machos e todas as fêmeas são novidades. Podem até ser piores, uns mais do que os outros, porém dependem de vários fatores. Não adianta chamar o garçom-do-amor e passar a régua para sempre por causa de apenas um traste. Como se esta miserável criatura representasse a parte pelo todo da panelinha do mundo.
Já pensou quantos amores possíveis você estaria dispensando por essa causa errada?
E quem disse que amor é para dar certo?
Amor é uma viagem. De ácido.
E tem mais: a única vacina para um amor perdido é um novo amor achado. Vai nessa, aconselho! Só cura mesmo com outro. Mesmo que um placebo.
Muitas vezes não temos o amor da vida, mas temos um belo amor da semana, da quinzena, que de tão intenso e quente logo derrete. Foi bonita a festa, pá e pronto.
Vale tudo, só não vale o fastio e a descrença. Levanta desta ressaca amorosa, meus Lázaros e minhas Lázaras.
Já dizia o galego dos zóio quebrado: “a vida é a arte do encontro”. Ou ” que o amor seja finito… enquanto dure”. Não rimou, é prosa.
Essa teoria da cura do amor perdido com o novo amor é a mesma da ressaca… ambas acabam com o fígado…
É complicado , mas tem que viver e amar sempre tudo de novo e sofrer e claro .
Esse texto foi um “chacoalhão” para uma parte da minha vida, que ora eu deixo esquecida, ora quero que volte á tona. Embora desiludida em partes, não podemos perder jamais a esperança de encontrar um novo amor. É isso que eu espero e quero acreditar.
É isso ai Xico. -Levanta, sacode a poeira e da a volta por cima! – Bem que eu queria um amor de um mês, mas ultimamente o máximo que eu consigo é amor de uma noite…
oi xico! mandei um email pra vc… e aqui vai um “poema de doze de junho” para os seus leitores, e a todos os “lázaros insistentes” (eu incluso é claro…).
grande abraço do fernando koproski
um poema de doze de junho
um poema para todos os que acham,
pensam, intuem, percebem,
desconfiam, descobrem,
e não conseguem disfarçar.
um poema para todos os que sabem.
sim porque há os que sabem,
os que sempre souberam.
ah, você sabe…
até mesmo eu sei de vez em quando.
um poema para todos os que dizem,
ou que sem querer falam,
em olhares, acenos, silêncios,
gritos, sussurros ou suspiros,
em cartas, e-mails ou telefonemas.
um poema para todos os que viram
e se lembram em cenas de cinema,
em quadros, fotografias ou letras de música.
um poema para os que falam
como querem as orquestras
ou como querem as orquídeas.
um poema para os que falam
até mesmo em três simples palavras,
o que é, o que foi, e tudo que ainda flor
um amor.
FERNANDO KOPROSKI
do livro Tudo que não sei sobre o amor
aiaiai acho que dispensando muitos amores possíveis por essa causa errada! 🙂
Falou e disse, Mestre Sá. Sábias palavras, como sempre!
São, mas não são, senhoras e senhores. Cada vez que uma folha se mexe no universo a vida é diferente – acho que roubei isso da arte zen de consertar motocicleta…VOCÊ É UM POETA ÚNICO, CARO XICO…NÃO IMPORTA DE ONDE VOCÊ FISGOU A FRASE. TUAS CRÔNICAS TÊM UM ÍMÃ E UMA MAGIA SINGULAR
!!! PARABÉNS, MUCHACHO!!!!
acho que às vezes a gente tá mais pra Sísifo que pra Lázaro… e que tantas muitas vezes a gente sifu.. isso sim… mas o fato é que a graça é o caminho e não o destino. então, recomeçar! mil vezes recomeçar! <3
Eu acho que a gente tá mais pra Sísifo… mas é fato que a gt às vezes e tantas vezes, sifu… o fato é: recomeçar… mil vezes recomeçar!
Sim>Claro que vale o amor da semana,do dia,do mês.Principalmente nesse Mês dos Namorados,que não por acaso, é no inferno de inverno.Mas…o que procuramos mesmo( e quase sempre achamos e perdemos) é o amor da vida.Esse sim.Machuca,transforma e faz viver de novo.
“Try again. Fail again. Fail better.” e bom também se for “together”! (se me permite a brincadeirinha, Mr. Beckett!)
Obrigada.
Brincadeiras a parte, lembro da música do Titãs: Existem provas de amor apenas, provas de amor, não existe o amor… Abraços
Estou sozinho no dia dos namorados mas já me “prantaram” a mangueira!!! Fiz uma bela Endoscopia Digestiva… kkkkkk
Parabéns por mais um belo texto.
Vc faz bem ao mundo! Me corrijo sobre um comentário em uma coluna anterior: não se aposente, o Crato não precisa de vc tanto quanto os corações confusos do Sudeste.
Xico sempre alegra meu dia e muda algumas ideias.
Cada vez que uma folha se mexe no universo a vida é diferente, sempre!!!
“amor só cura com outro…”
sei não, mestre Xico…
um amor-placebo em cima de um amor-mal-fadado pode até dar nó nas tripas, né?
Hummm, to quase convencida a dar uma chance a um cidadão, quem sabe pelo menos ganho uma noite quente? rsrsrs
Bjs prá vc, Xico, que sempre me alegra!
Caro Xico, “Todos os homens ou mulheres são iguais” no X da questão, mas o “X” de Dahomé tem mais magia no coração! Por isso, nunca devemos nos esquecer, senhores e senhoras, barqueiros do sertão, que “o amor é um falso brilhante no dedo da deputante, o amor é um mascarado,…a patada dafera na cara do domador…” abraços e feliz dia do amor para todos da Folha.
Sem dúvida, temos que deixar os ressentimentos bem lá no fundo do baú e se lançar nas próximas charadas que o amor nos oferece. Bom é saber que de um jeito ou de outro, a gente sempre aproveita. Quem disse que ser adulto é fácil, né?
Besos, cabrón!
Ai Xico, era tudo o q eu precisava ouvirrr…. “levanta dessa ressaca amorosa e cure um amor com outro, nem q seja por uma semana, uma quinzena” Vc é fera! OBRIGADA por escrever….!!!
Sabias palavras, meu caro Xico. Inpiradoras…
Não existe cura para amor perdido, caro Xico Sá. Um amor perdido não tem sequer um grito. É um gesto deixando no ar. É uma chuva escoando morro abaixo na eternidade do impossível.
“deixado”
Ser teu pão, ser tua comida Todo amor que houver nessa vida E algum trocado pra dar garantia E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia Pra poesia que a gente não vive Transformar o tédio em melodia Ser teu pão, ser tua comida Todo amor que houver nessa vida E algum veneno antimonotonia E se eu achar a tua fonte escondida Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão Boca, nuca, mão e a tua mente não…não
Ser teu pão, ser tua comida Todo amor que houver nessa vida E algum remédio que me dê alegria…♫…♪…♫…feliz dia dos namosrados XICO SÁ
Como boa libriana: de acordo!
sempre vale lembrar Noel: http://www.youtube.com/watch?v=qozCtAO2XUM
Fica a dúvida, será que ele quer nos convencer ou se convencer?… não sei!