O dia em que Jesus matou Nietzsche na Rio-Bahia
31/05/12 15:28“Aquilo que não me mata, só me fortalece”. Assina que é teu, amado mestre Friedrich Nietzsche, aquele do vassourístico bigode.
“O que não mata, engorda”. Essa é frase de qualquer vagabundo anônimo e popular mesmo.
Aí é que você vê que a filosofia de pára-choque de caminhão sempre foi nietzscheana ou tradutora do alemão para a estrada.
Reflito aqui à beira do caminho. Em uma lan-house de Solidão, Pernambuco. Havia iniciado essa reflexão com o amigo Paulo Mota, da cidade cearense de Sucesso. Vamos em frente.
Havia tomado um susto, há uns oito anos, sobre a escassez dessa filosofia nos caminhões. Foi em uma viagem Juazeiro do Norte/SP, na boleia de uma possante carreta, em reportagem sobre caminhoneiros para a revista “V”. Taí o fotógrafo Tiago Santana para me ajudar mentir, se for preciso.
Agora é para valer: a filosofia de pára-choque morreu na buraqueira da estrada. Nietzsche deve estar molhando seu bigodón em lágrimas de Viena.
Acabou chorare…
Jesus te matou, velho Nietzsche, na BR-101. Rio/Bahia, em uma vicinal qualquer no canavial de Sertãozinho.
Jesus, aqui resguardado todo respeito e devoção cristã, acabou com as clássicas frases, sempre sábias e decifradoras da vida. Jesus invadiu todos os pára-choques, lameiras e painéis de caminhões.
Quando não tem Jesus, vai o escudo de time, mas o amor clubístico também não é mais o mesmo. Um Flamengo aqui, um Corinthians acolá, um Santos, um São Paulo, Atlético mineiro, Bahia, Sport, Santa Cruz, Vitória, Ceará…
“Pra corno e torcedor de time, todo castigo é pouco”, buzina o nosso condutor mais uma vez, agora seu Caetano, de Barbalha (CE), um guia e tanto.
Os mais românticos ainda pintam lá um coração com o nome dela, a amada, como na canção do Roberto. O mais lindo que avistamos foi um “Eu te amo, Izildinha, desalmada”.
No que Caetano, sábio de rodagem, não se contém: “Ser caminhoneiro tudo bem, ninguém escolhe o destino; mas ser caminhoneiro e corno também já é demais da conta!”
Manda a pérola e aperta a trilha sonora, DJ de boleia, na marcha lenta: Benito de Paula. “Ah, como eu amei…”
A louvação a Jesus substituiu a sabedoria popular sobre rodas. As novidades, no entanto, não impedem que alguma graça resista. O atualíssimo “Jesus Salva”, por exemplo, já ganhou uma continuidade filosófica, em pequenos adesivos coloridos: “Jesus salva!… passa para Moisés, que chuta e é goool!!!”
Uma pausa para o churras de carneiro. Cerveja nevada, claro. Distrito de Paraguaçu, Rafael Jambeiro, Rio/Bahia. O cabarezinho Flor da Noite tá uma beleza. Só deusas. Tento resistir, mas lembro do sábio pedido de Santo Agostinho, o álibi perfeito para o perigo da hora: “Senhor, livrai-me das tentações, mas não hoje”.
Ô vidinha mais ou menos para eu gostar tanto dela Quase como se fosse, elegância à parte, aquele italiano da “Dolce Vita”!
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Xico, segue um pensamento da filosofia de pará-choque sobre a distância e a ausência, visto no trecho catarinense da BR-116: “Saudades de casa; principalmente, da cabeludinha do meio!”.
Essa é pra ler ouvindo “Caia na Estrada e Perigas Ver”, dos Novos Baianos.
Filosofia tá na Rio/Bahi-aiá.
Do tempo em que Jesus não era tão onipresente (nem pra Baby – ainda – Consuelo)…
Vendo esse para-barro, lembrei de outra frase: “POBRE É IGUAL VERME: SE SAIR DA MERDA, MORRE.”
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A princípio pode parecer um livro sem relevância; porém, trata-se de uma análise aprofundada do universo subconsciente – sabedoria que existe dentro de nós mesmos. Permita-se conhecer a existência humana por um novo prisma.
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Caro Xico,
A cena das crianças figindo ver Nossa Senhora e os fiéis as acompanhando,critico e lirico.Fellini,Jesus e Nietzche,tá abrindo cabeças no machado hein omi.
Tão triste quanto verdadeira constatação, caro Xico. Quando eu era moleque, lembro-me de como me divertia ao ler as frases de caminhão, como: “Não sou goleiro, mas também levo meus frangos”; “Meu computador não fala computa” e o clássico “Se peito de mulher fosse buzina, a cidade não dormia”. Hoje só dá Jesus. Jesus todos os verão… e todos os inverno, outono e primavera.
Xico,
A propósito das duas escolhas do viajante (ser caminhoneiro e corno), é sempre bom lembrar. Caminhoneiro experiente quando dobra a esquina de casa já vai buzinando alto, que é pra evitar o flagrante.
Outro fato que reduziu as espirituosas frases foram também os baús, no lugar das carrocerias de madeira e para-lamas balançando. Eu hoje muito mais amado chofer de caminhão não tenho onde escrever alguma coisa. Só o número da placa, para levar multa.
O Millôr tinha brincadocom o “Penso, logo existo”, dizendo “Acho que penso, logo, acho que existo”. Essa placa de caminhão com o “Existo porque Insisto” é outra brincadeira com a frase, mas a versão original era “Insisto, logo existo”.
Pior: o adesivo “sou casado e amo a minha esposa”. Aí, quando o sinal fecha, o cara te olha e passa a língua na boca, convidando. No geral, além de hipócrita e pretensioso, é feio como o demo.
Neste instante, depois de ser testemunha ocular desta aula de filosofia com o Mestre Xico Sá, quero declarar que utilizando meus direitos constitucionais de permanecer em silêncio…rs…confesso que não sei mais quem matou quem, se foi Jesus, se foi Nietzsche ou se foi o Xicolosófico… se faz favor!!! …Sou italiana cheia de tentações…rs
Pois é, Jesus tá fogo mesmo.
Escrito na traseira de um carro: “Tudo que tenho pertence a Jesus”. Agora, por que diabos Jesus ia querer ou precisar de um Fiat Spazio 83?
Porque Jesus é humirrrrrrrrrrrrrrde…….ô coitado!
Feliz foi adão que não teve sogra nem caminhão.
caso rescisão do ronaldinho:
gavea nao pode ser penhorada por 1 simples motivo:pq terreno onde funciona a sede do urubu é terreno publico, patrimonio do estado do rj, com cessao d uso ao urubu, mas o PROPRIETARIO é o estado do rj…
urubu sempre mamando na teta do estado
botafogo c/ engenhao tb mama na teta e sua sede(?) fica no telhado de um shopping
a verdade é q no rj só os clubes vasco e flu constituem patrimonio imobiliario de respeito e de propriedade dos respectivos clubes
sem mais
Xico, Nietzsche ultrapassado pelo übermensch Jesus não é nada mais nada menos que o retorno do reprimido pela sociedade pós-nietzscheana.
Quiz dizer ultrapassado pelo übermann
É ubermensch mesmo, Maisa…o Homem Superior, algo mais que super homem…o filósofo usou o termo em “Assim Falou Zaratustra” (Also sprach Zarathustra) para falar dos procesos de superação para se chegar ao ubermensch…por aí.
Eu sei, Antonio, conheço a obra. Fiz a ressalva porque o termo übermensch se refere ao Homem Superior de maneira geral, e como eu queria me referir ao homem Jesus, em particular, usei übermann que seria o termo mais adequado em alemão
Desculpe o lapso no português. Eu quis dizer…
Tem uma boa, Xico: o motorista estava acompanhando a pintura da frase, todo orgulhoso, “Topo tudo a todo tempo”. Miseravelmente um dos curiosos teve o infeliz lampejo de perguntar: “Mas tem um acento na frase, tem não?”. Muita discussão e várias pingas depois, chegaram a uma solução consensual digna do nosso congresso, e o caminhão saiu com a frase: “Tópo túdo à tôdo têmpo”
ótima!!!!
Acho a melhor crônica dos últimos tempos.
Gosto quando vc. se coloca de verdade.
Parabéns. Desse Xico gosto mais.
pqp em xico ta inspirado ultimamente esta demais…adorooooo
O pior, é que nem tomando o lugar das maravilhosas frases dos para choques, que nos passavam tanta sabedoria, nem Jesus nos salva do horror que são as estradas desse Brasil á fora….