Chorar em público revela mulher superior
24/02/12 17:09Eis mais uma, entre as tantas, vantagens das fêmeas sobre os marmanjos: a coragem, o destemor, a arte de chorar em público.
Se o choro vem, as mulheres não congelam as lágrimas, como os moços, esses moços, pobres moços…
Não guardam as lágrimas para depois, como nós, que sempre adiamos as cachoeiras interiores, não levam as lágrimas para derramar escondidos na alcova.
Pior ainda é o homem que não chora nunca. Além de fazer mal ao coração, esse tipo não merece muita confiança.
As mulheres não, falo da maioria das fêmeas, desabam em qualquer canto e hora. Se estão mal de amor, choram na firma, no escritório mesmo, na fábrica, choram no trânsito, choram no metrô, simplesmente desabam.
Como invejo as lágrimas sinceras das moças.
Quantas vezes a gente não se preserva, por fraqueza, enquanto as lágrimas, em queda d´água, batem forte no peito machista e viram apenas pedras do gelo do uísque.
Como invejo as mulheres que misturam sim o trabalho com o drama furioso da existência.
Desconfio da frieza profissional, das icebergs de tailleur, que imitam os piores homens e guardam tudo para molhar o travesseiro solitário numa noite de inverno.
Ora, as mulheres podem ser infinitamente poderosas, administrarem plataformas de petróleo nos mares e chorarem um atlântico diante de uma indelicadeza da vida.
Lindas e comoventes as mulheres que choram em público, nas ruas, nos cafés, nos bares, nos restaurantes, no táxi. São antes de tudo umas fortes. Tristes dos que estranham ou ficam envergonhados com o mais verdadeiro dos choros.
Triste dos que acham que não levam a sério, que tratam como sintomas da TPM e chiliques do gênero, que fracasso. Ora, até mesmo os choros de varejo, não importam as causas, são comoventes. Chorar engrandece.
Fazer amor depois de lágrimas, então, é sentir o sal da existência, romanticamente, sem medo de ser ridículo ou cafona.
Acabei de testemunhar uma dessas lindas e corajosas moças, chorava no metrô da avenida Paulista.
Por que chorava aquela moça?
A moça não escondia os soluços do choro. Terá discutido a relação, a velha D.R., à boca da estação Paraíso? Veste roupa de trabalho sério, e chora.
Daqui a pouco estará sentada na sua cadeira de secretária, exímia, bilíngüe, a serviço da grana “que ergue e destrói coisas belas”.
Teria levado um pé-na-bunda, um fora? Teria visto o casamento pelo binóculo do titio Nelson Rodrigues? Perdoa-me por me traíres?
A moça que chorava sabia que o amor -repito o que já disse mil vezes no blog- é como o metrô na avenida Paulista: começa no Paraíso e termina na Consolação.
Em resposta a Xico Sá
http://www.aposenteieagora.com.br/para-xico-sa
É muito interessante ver a saída de uma sessão de cinema, de um filme emocionante, ou triste ou dramático.
As mulheres com os olhos vermelhos de tanto chorar e os acompanhantes com um sorrisinho amarelo fazendo piadinhas idiotas, querendo dizer: “Como vcs são bobas, choram à toa.” E o pior, que a gente sente uma mistura de vergonha e solidão nessa hora. Os homens, normalmente, ficam muito pouco à vontade diante das lágrimas femininas.
Ai, Xico! É tão bom ler seus textos!
Choro, às vezes, cansada de ser forte…bjo.
Xico, você existe?
Lindo texto, parabéns.
Que lindo! Eu choro onde dá vontade, quase ninguém entende. As pessoas parece que têm medo de ter que enfrentar suas próprias tristezas quando veem alguém chorando.
Choro mesmo. No metrô, já solucei muito ouvindo miss Joplin cantando Byyye, byyyye baaabyy.
Eu só fico muito chorona,quando estou na TPM,fora disso sou dura na queda. Quer dizer,no choro.
Adorei o texto. Reconheço minha vida no seu texto. Você tem alma feminina, hem?
Eu morreria se não pudesse chorar pelos meus sofrimentos que são poucos, mas são sofrimentos… Xico você é muito lindo nas idéias… continue assim… Curto muito seu jeito de expressar sobre nossa vida de mulheres, nesse texto e lá no Saia Justa.
Abração!
Adori o texto. Reconheço minha vida no seu texto. Você tem alma feminina, hem?
Eu morreria se não pudesse chorar pelos meus sofrimentos que são poucos, mas são sofrimentos… Xico você é muito lindo nas idéias… continue assim… Curto muito seu jeito de expressar sobre nossa vida de mulheres, nesse texto e lá no Saia Justa.
Abração!
Concordo em parte com o Fernando. Tanto neste seu texto como nos anteriores há sempre um elogio ao comportamento das mulheres e crítica ao do homens. Não que certos comportamentos femininos não possam ser apreciados e comportamentos masculinos criticados, e vice-versa. O que transparece, a meu ver, é um aval para o que também pode ser criticável no comportamento feminino. E nesse sentido é claro que você sabe mais do que expressa; o que poderia ser definido como estratégia babaovista-seducionista, como diria Odorico Paraguaçu.
Prezado Xico, a cultura sempre tenta nos mostrar o quanto o choro é ridículo e sinal de fraqueza. Com isso nos diminuem e nos desclassificam porque ele é inerente à maioria das mulheres. Item de fábrica, sabe como é?
Feliz daquela que não se leva tão a sério e deixa a torrente rolar; as de tailler também vejo com desconfiança, imitações toscas do que há de pior nos homens (felizmente não em todos).
E lamentavelmente as mamães ainda falam pros menininhos não chorar porque “homem não chora”. Pena, porque devemos todos chorar quando o sentimento transborda.
À propósito, seu texto está cada dia mais cativante! Você um dia poderia escrever sobre isso: pessoas deliciosas na escrita são deliciosas ao vivo e à cores? E vice-e-versa. Beijos e grata pelo texto.
chorei
Só com as lágrimas podemos lavar nossas almas. Às vezes não as deixamos correr somente por orgulho.
e ontem mesmo eu chorava amarga essa vida triste, dentro do supermercado, para preencher uma geladeira vazia.
triste mesmo é chorar por não tr a voz grossa, ser mais forte como os homens e nem ter coragem de gritar ou ferir para impor respeito cmo os causadores de lágrimas fazem, no âmbito profissional da coisa, para serem superiores. A choradeira é inevitável e não um pedido de piedade. Acho que chorar no metro tem a ver com isso…pra mim tem. Alguns homens fazem. Não dá pra generalizar, ainda bem… Chorar de amor é básico, vem com o pacote. É básico e não um sofrimento como no caso anterior…em que se chora pela inferioridade atribuída pela humilhação, chora-se por não conseguir evitar uma situação covarde e descabida…
E chorar lendo textos seus, também engrandece? 🙂
nao era a minha intenção. mas recebo o choro como uma grande manifestação de apreço.beijo
Genio das letras, do choro, do amor, fala dos machos como uma fêmea, muito prazer em ler algo que alegra a alma!!!
sou orgulhosa p burro. até criança qdo apanhava chorava depois, escondida.
Da beleza de fazer tempestade em copo d´água.
me senti muito melhor, depois de ler sua crônica, porque já chamaram minha atenção
porque choro em público.Muitas outras pessoas deveriam ler também
Posso camuflar minha tristeza, minha alegria, até meus sentimentos,mas não posso conter as lágrimas que brotam…
Prezado Xico, ainda outro dia, semanas antes do carnaval, vi um rapaz com lágrimas nos olhos numa praia recifense ao lado de sua companheira. Cabra bom.
Que delícia seu texto, seu humor, sua sensibilidade. Choro de ler, choro por sentir. Me sinto poderosa, sem medo de ser refém de amores desfeitos. Sai da Paulista, deixei a Consolação e agora recomendo Xico Sá tem gosto festa e melhor e não faz mal!
Choro diante da beleza de uma noite de lua cheia prateada invadindo a imensidão do céu;choro de felicidade pelo filho que se forma, que se casa, que se realiza; choro pelas tristezas, minhas e dos amigos; às vezes até um pensamento me faz chorar…
Adoro ler suas colunas, são como gotas de chocolate…
Adorei! Como é bom poder ler esse texto. Me sinto normal depois de tanto chorar no metrô, no trabalho… Já ganhei até apelidinhos por conta disso. Mas só Xico Sá mesmo para amaciar o ego de uma fêmea chorona…
sinto um certo alivio ao ler seu texto, porque sou dessas que chora aonde estiver se a vontade aparecer, numa reunião de trabalho, atendendo a um cliente, no avião, na rua, nao sei controlar essa vontade louca quando ela vem, desde pequena sou assim, uma vez meu pai me disse que nunca ia ficar muito tempo em um trabalho se chorasse sempre, engano o seu.
lindo texto e mais lindo ainda chamar de fortes mulheres como eu, que choram sem se importar com o mundo a sua volta.
Moço, desde Rubem Braga não me encantava tanto por crônicas tão deliciosas… Thank’s!
Andando pelas ruas de Washington e lendo seu
emocionante texto. Nao segurei as lagrimas! Bj
enorme Xico!